A segurança pública tem sido nos últimos tempos tema de debates em praticamente todos os círculos sociais, seja no Brasil ou fora dele.
Vários fatores contribuíram para que a segurança pública faça parte do cotidiano da sociedade, principalmente o aumento da violência, da criminalidade e da desordem. Os índices acabaram por demonstrar um crescimento que, muitas vezes, vai muito além do crescimento populacional.
Por um lado não deixa de ser positivo o debate pois demonstra que a sociedade está alerta e que ela está se interessando em buscar soluções para os males resultantes da violência, da criminalidade e das desordens em geral.
Por outro lado surgem, propostas de solução que confundem a própria sociedade e autoridades. Dentre as “grandes” propostas de solução constantemente ouvimos várias e desavisadas autoridades e alguns especialistas na área (com a posterior replicação a todos os segmentos) de que : O LUGAR DE POLÍCIA É NAS RUAS.
Será que isso por si só é verdadeiro e resolve o problema?
É necessário uma ligeira análise a respeito para concluir-se que NÃO É BEM ASSIM.
Pelo menos no que tange a Polícia Militar no Brasil, que é uma instituição de segurança pública com organização militar possuindo seus membros integrantes investidura militar (como prevê a atual Constituição Federal) tendo grandes efetivos com uma missão complexa atuando em todos os municípios brasileiros (talvez a única instituição do estado com essa presença) estando ininterruptamente à disposição da sociedade. Estas características demandam uma série de atividades que visam garantir que ela funcione adequadamente.
Logística, ensino e instrução, administração de pessoal, justiça e disciplina, correição, Saúde e promoção social dos seus integrantes, comunicação social dentre outros são atividades imprescindíveis para que os resultados laborais dos policiais militares sejam, pelo menos, satisfatórios e reconhecidos por toda a sociedade.
Em instituições de grande porte como são as polícias militares e ainda, como já mencionado, com uma missão complexa que não está submetida a interrupção, portando continuada 24 horas por dia 365 dias por ano, como fazer para realizar todas atividades que dão suporte para o policial permanecer nas ruas, tais como:
- a logística, incluídas as aquisições, o controle e manutenção relacionadas com os equipamentos de comunicações o material bélico (armamento letal – munição – colete balístico – armamento menos letal – viaturas dentre outros), fardamento, equipamentos de proteção individual etc;
- todo o ensino de formação profissional para os recrutados e para posteriormente realizar a dita instrução de manutenção (treinamento) continuada, pois a atividade policial é dinâmica (cursos, estágios pós-graduação etc);
- toda a administração do pessoal como manutenção de fichas de serviço, proventos, controle dos efetivos da ativa, da reserva remunerada e reformados;
- realizar as atividades de correição e justiça e disciplina visando apurar excessos e elogiar boas ações;
- Cuidar da saúde física e mental dos integrantes da Instituição (que é diferenciada do cidadão comum pela atividade que desempenha no cotidiano) deixando-o pronto para a atividade;
- Dar assistência as famílias dos integrantes da Instituição quando necessário;
- Realizar a comunicação social repassando para mídia e para a sociedade as ações realizadas pela instituição junto às comunidades.
Alguém em sã consciência imagina que essas instituições funcionariam sem todas essas atividades meio conduzidas por policiais militares que não estão nas ruas, mas que são imprescindíveis para aqueles que estão nas ruas.
Além de tudo são atividades que não se compra no mercado além de serem estratégicas para o Estado pela sua peculiaridade.
Vale, nesta oportunidade, mencionar instituições policiais militares e/ou militarizadas de outros países que possui uma força quase que paralela de integrantes encarregados das atividades tidas de apoio que proporcionam um serviço de qualidade dos policiais para com a sociedade.
Nos EUA – Estados Unidos da América que possui uma estrutura policial diferente e para nós muito complicada tendo em números arrendados 1.600 agências policiais federais e autônomas, 12.300 departamentos de polícia municipal e de condado e 3.100 xerifados. Em todos eles há estruturas de apoio a atividade de polícia de rua (operacional) bastante forte geral executadas por agentes ditos de “não juramentados” especialmente destinados a essa atividades que são policiais porém não de rua, os quais giram em torno de 15 a 25 por cento dos policiais “juramentados”, ou seja os policiais de rua ou que podem agir na rua.
Na Europa onde possuímos quase todos os países com pelo menos uma polícia militar ou militarizada (Itália: Cabineiros; Espanha: Guarda Civil que é militar; França: Gendarmeria; Portugal: Guarda Nacional Republicana; Suiça: Gendarmerie Genovoise, dentre outras) possuem estruturas muito grande de apoio denominados de auxiliares.
Como visto todas as polícias (independente do nome que possua) militares ou militarizadas deve possuir uma estrutura adequada e que garanta o desempenho da missão pelos seus integrantes, sob pena de não funcionarem adequadamente e sucumbirem ao longo de tempo, ficando a situação pior do que já se encontra.
Então devemos tomar cuidado com o discurso simplista proferido muitas vezes aos brados por alguns de que LUGAR DE POLÍCIA É NAS RUAS. Esse discurso pode sim é levar as instituições que ainda funcionam (mesmo que às vezes precariamente) ao caos e a falência produzindo, cada vez mais, menos e pior serviço à sociedade.
Esses que deixem a Polícia Militar trabalhar. Que deixem o discurso barato e inconsequente e contribuam para melhoria, isto sim, das estruturas das instituições.
Assim teremos uma melhoria gradual da segurança pública como um todo.
SERÁ QUE VOCÊ AINDA ACHA QUE LUGAR DE POLÍCIA É SÓ NAS RUAS.
Um abraço a todos e até a próxima
E que venham as críticas
MARLON JORGE TEZA
Marlon, como de costume, o nobre colega foi muito educado.
ResponderExcluirA abordagem foi 'apenas' a respeito do conteúdo e não das intenções de quem afirma que "O LUGAR DE POLÍCIA É NAS RUAS".
Grande abraço
Saúde!!!
Feitosa
parabéns pelo blog. tbém tenho um ainda em adaptação. tbem sou PM e concordo plenamente com sr. para o PM estar na rua alguém tem que definir quando ele estará e por quanto tempo (escala), alguém tem que lhe entregar o armamento necessário e em condições para a patrulha (almoxarife), alguém tem que dizer onde ele deverá estar e fazer o que (planejamento) entre outras atividades de apoio. base forte - corpo forte.
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