terça-feira, 2 de outubro de 2012

SEGURANÇA PÚBLICA NA EUROPA E NO BRASIL

Recentemente viajei para a Europa visitando quatro países (Portugal-Espanha-França-Itália), o propósito principal foi o lazer, como aliás faz a maioria das pessoas, em especial os brasileiros devido a situação econômica privilegiada que atravessa nosso país em relação aos europeus.
Mesmo a viagem destinada precipuamente ao lazer, devido o meu envolvimento de uma vida inteira com a segurança pública (polícia), não há como não observar atentamente tais assuntos, os quais lá como cá são de extrema importância para a vida em sociedade.
Nas mencionadas observações foi notar que lá também existem problemas no setor, no entanto foi fácil notar também que há muito mais sensação de segurança, demonstrando consequentemente que geralmente estamos seguros.
O que se nota com facilidade observando os ambientes públicos urbanos e conversando com as pessoas, que a cultura é, em regra, de obediência e respeito aos agentes públicos das forças de segurança (polícia) e não o questionamento constante e a afronta as atitudes destes agentes. Há uma consciência que estes agentes públicos, os policiais, estão aí para lhes orientar e lhes proteger e muito raramente há o questionamento de suas ações mesmo que essas recaiam contra si, pois isso faz parte da cultura do povo aceita-las.
Verifica-se que em algumas ações os policiais são severos, usam armamento dito “pesado” no meio urbano com preocupação extremas com atos terroristas, contudo isso tudo é aceito pela população, e mais, as pessoas transparecem aceitar tais procedimentos policiais (alguns procedimentos até violentos em alguns casos) pois tem a consciência que é para o seu bem e que essa é a missão do policial.
Quanto à polícia, facilmente se nota que há varias forças policiais atuando inclusive no mesmo território e realizando funções similares concorrentemente. Em alguns países fica a critério do cidadão qual polícia ele deseja que lhe atenda, bastando escolher o número telefone a chamar para o atendimento. Nesse particular não observei reclamação do cidadão, ou clamor por unificação ou coisa que o valha, ao contrário. (exemplo: na Itália para chamar os Carabinieri – militar, fone 112 e para chamar a Polizia di Stado - civil fone 113).
Por outro lado o que se observa é que os policiais, independente da força a que pertençam, são rigorosamente bem uniformizados e equipados, suas viaturas são as mais modernas e possantes que existem no mercado (de invejar qualquer cidadão brasileiro), seus locais de trabalho bem localizados e a altura para bem atender o cidadão. Em suma aos agentes policiais são destinados pelo poder público uma condição de trabalho condizente e a altura deles proporcionando-lhes condições para executarem um serviço de qualidade à sociedade onde estão inseridos.
Nesta minha terceira vigem à Europa pude mais de perto confirmar muitas coisas que os noticiários e a literatura policial mundial já havia me revelado. Pude com muito mais propriedade confirmar existência no cotidiano da verdade reveladora daqueles princípios de Robert Peel (já amplamente mencionados em postagens anteriores deste meu blog) em especial alguns deles:
n  A polícia necessita realizar segurança com desejo e cooperação da comunidade, na observância da lei, para ser capaz de realizar seu trabalho com confiança e respeito do público;
n  O nível de cooperação do público para desenvolver a segurança pode contribuir na diminuição proporcional do uso da força;
n  Uso da força pela polícia é necessário para manutenção da segurança, devendo agir em obediência à lei, para a restauração da ordem, e só usa-la quando a persuasão, conselho e advertência forem insuficientes;
n  A polícia visa a preservação da ordem pública em benefício do bem comum, fornecendo informações à opinião pública e demonstrando ser imparcial no cumprimento da lei;
n  A Polícia deve esforçar-se para manter constantemente com o povo, um relacionamento que dê realidade à tradição de que a polícia é o povo e o povo é a polícia”.
Esta harmonia entre o povo com sua cultura de colaborar e respeitar a polícia é facilmente notado em várias circunstancias e isso, com certeza, é fator primordial do sucesso da atividade policial por lá.
Aqui no Brasil, muito embora tenhamos instituições policiais com problemas sérios internamente, o que geralmente se vê em muitos Estados é uma cultura popular é de afrontamento de parte significativa da população em relação a polícia e suas atividades junto a sociedade através do não acatamento das orientações emanadas por esses profissionais. Observa-se também e muitos casos aqui em nosso país o “desdém” do poder público com suas forças de segurança (polícia) não destinando condições de trabalho, logística e salários dignos a esses profissionais, inclusive, para piorar, fomentando debates inconsequentes em que nada contribuem para a melhoria do panorama como: a unificação das polícias ou a desmilitarização dela; criando com isso um “pano de fundo” evitando atacar o real problema aqui existente que é melhores condições de trabalho, mais investimentos e melhores salários.
Por lá o povo as leis o poder público “conspira” para que tudo funcione, por aqui ao contrário nos parece que há uma “conspiração” para não funcionar.
Meu propósito nesta postagem é, mais uma vez, trazer o tema a tona visando proporcionar uma reflexão ao leitor, comparando as situações daqui e de lá para, quem sabe, sensibilizar as pessoas e aqueles do poder público, em todos os níveis, que tem o poder de mudar a atual situação da segurança pública para que “arregrassem as mangas” e mudem a atual situação.
         Um abraço a todos e até a próxima.
MARLON JORGE TEZA

5 comentários:

  1. Caríssimo Coronel Marlon.
    Mais uma vez o Amigo contribui pra a segurança pública com análise inteligente e esclarecedora. Está muito claro que a cultura de um povo é causa de problemas e/ou soluções para o cotidiano das cidades. Na segurança pública não seria diferente. E justamente nessa área onde os referenciais são a vida, a liberdade, a propriedade e a igualdade, ainda precisamos evoluir muito. No momento atual só vejo um caminho: mais investimento em educação e um aparato policial forte para combater o crime, a par de um sistema mais eficaz nas instâncias formais de controle social - Ministério Público, Judiciário e Execução penal.

    Mário Cézar Simas
    Coronel RR PMSC
    Secretário de Governo - Biguaçu/SC

    ResponderExcluir
  2. Bom dia Cel,

    É uma grande diferença cultural. Temos um longo caminho a ser percorrido.

    Abraços,

    Bornhofen

    ResponderExcluir
  3. BOM DIA CEL MARLON,LI SUA PÁGINA E CONCORDO COM O QUE ESTA ESCRITO,POREM AQUI NO BRASIL TEMOS UMA POLICIA MILITAR E CIVIL QUE NÃO RESPEITA O CIDADÃO POBRE,EXEMPRO;QUANDO A POLICIA ENTRA EM UMA FAVELA AS PESSOAS QUE ALI MORAM NÃO SÃO RESPEITADAS,SUAS CASAS SÃO INVADIDAS SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ,SEUS LARES VIOLADOS,AS PESSOAS QUE ALI RESIDEM NA MAIORIA SÃO AGREDIDAS PAIS AGREDIDOS NA FRENTE DOS FILHOS,ESSAS CRIANÇAS VÃO CRESEREM ODIANDO A POLICIA,ESSAS CRIANÇAS SABEM QUE A CASA DE UM RICO JÁ MAIS SERÃO ARROMBADAS PELA POLICIA SEM UMA ORDEM JUDICIAL E O PRÓPIO POLICIAL JA MAIS VAI ARROMBAR A CASA DE UM RICO SEM A DEVIDA ORDEM JUDICIAL,SÃO DOIS PESSOS E DUAS MEDIDAS CEL,ESTA É A CULTURA CRIADA PELA POLICIA E PELOS GOVERNANTES. FUI POLICIAL MILITAR POR 30 ANOS E JAMAIS DISRESPEITEI UM LAR DE NIMGUEM POIS PARA MIN UM LAR É SAGRADO INDEPENDENTE SE POBRE OU RICO.

    ResponderExcluir
  4. procurando algo sobre segurança pública eis que encontro este texto claro e esclarecedor, peço permissão para divulga-lo em meu blog, cito fonte e autor.
    http://gcm-ivete-portofeliz.blogspot.com

    ResponderExcluir