Após refletir por alguns dias decidi escrever algo sobre o ataque sofrido Pelos alunos da Escola Municipal localizada no Bairro do Realengo na cidade do Rio de Janeiro – RJ amplamente divulgado pela mídia brasileira e mundial.
Confesso que tive um pouco de receio em comentar tal episódio justamente por não me considerar com cabedal de conhecimento adequado para tal, levando em conta alguns fatores tais como: ineditismo do ocorrido no território brasileiro; violência registrada; falta de informações confiáveis à respeito dentre outros.
Por outro lado, observei nos últimos dias que muitas pessoas sem qualquer intimidade com o tema manifestaram com repercussão pela mídia em geral. Diante disso considerei que eu também podia fazê-lo.
Feito essa pequena introdução procurarei realizar algumas considerações sobre o fato ocorrido sem, portanto, entrar no mérito e nas análises técnicas justamente por faltar informações de domínio público, aliás como é normal nestes casos.
Vejamos então algumas considerações a respeito que me marcaram:
1- Os Políticos cariocas ao constatarem que o fato, embora violento e trágico, teve um desfecho aceitável do ponto de vista político e policial pela interferência de um Sargento da Policial Militar e dois companheiros (agentes do Estado), os quais fizeram cessar a ação criminosa de forma adequada, CORRERAM para o local no sentido de manifestarem diretamente com a mídia, objetivando ganhar pontos preciosos perante a opinião pública;
2- Colocaram o Sargento, que aliás cumpriu incontinente com o seu dever, frente às câmeras e microfones, (juntamente com eles, os políticos) minutos após um confronto violento onde o nível de stress ainda era extremamente alto. O sargento na verdade deveria ser assistido e preservado naquele momento devido a situação (só quem já passou por tal situação sabe como os policiais são psicologicamente atingido quando atua em tais circunstancias). Em nenhum lugar do mundo isso ocorreria da forma como foi registrado. As autoridades políticos ali presentes agiram de maneira inconsequente para com o Sargento, ficou evidente que não pensaram nele, pensaram sim na exploração política do fato;
3- O Secretário de Saúde do Estado Rio de Janeiro apareceu no local e também no hospital frente às câmeras conduzindo (literalmente) macas, mais atrapalhando os profissionais de saúde do que ajudando. Cena ridícula;
4- A escola em questão é patrimônio Municipal e todos alegam não haver segurança (vigilância) adequada. O Município do Rio de Janeiro possui uma Guarda Municipal que a exemplo de outros Municípios Brasileiros teimam em realizar policiamento ostensivo em logradouros públicos (atividades que legal e Constitucionalmente não podem realizar) enquanto deveriam isso sim vigiar o patrimônio municipal, aí incluídas as escolas;
5- Em entrevista coletiva montada defronte a escola municipal além do Sargento (como já comentado) participou a Chefe da Polícia Civil, sendo que o Comandante Geral da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, instituições que participaram ativa e decisivamente no episódio sequer apareceram na qualidade instituição;
6- A mídia também agiu de forma tendenciosa (como muitas vezes é de costume) referindo-se ao Sargento como “POLICIAL” e não como Policial Militar. Para os episódios com desfecho favorável com intervenção de Policial Militar é só “POLICIAL”, quando o desfecho é desastroso (como pode ocorrer) aí sim é POLICIAL MILITAR ou PM;
Ainda sobre o ocorrido vários “especialistas” emitiram suas opiniões, porém, para finalizar vou comentar a entrevista realizada pelo programa RODA VIVA da TV CULTURA com o Professor PAULO SÉRGIO PINHEIRO - http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/1250 , conhecido pela sua atuação em estudos sobre a violência e direitos humanos. Nessa entrevista falou, falou e falou, no entanto quando analisou a questão sobre a realidade da escola pública brasileira, um dos entrevistadores lhe perguntou se o renomado professor já havia estudado em tais estabelecimentos e ele de forma eloquente falou: ”NUNCA NEM PISEI NUMA ESCOLA PÚBLICA”. Então como uma pessoa dessas ( além de outros em situação idêntica) pode manifestar-se sobre temas que não conhecem e que não integram a sua realidade, que conhecem de “ouvir dizer”.
Assim não dá.
Temos todos que agir e nos manifestar calcado na realidade, no conhecimento real.
Como inicialmente mencionei minha intenção não era discutir com profundidade a questão, somente realizar algumas considerações para a reflexão para que não sejamos meros replicadores da opinião e dos procedimentos dos outros sem uma análise mais acurada dos fatos posteriores ao violento massacre ocorrido. Sejamos policiais militares, demais operadores da segurança pública ou sociedade, devemos assim proceder.
Finalmente, abaixo, repasso uma manifestação contida no “Ex-Blog do Cesar Maia” - blogdocesarmaia@gmail.com . a qual achei adequada e interessante para a presente postagem.
Até a próxima.
MARLON JORGE TEZA
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SARGENTO PM MARCIO ALVES, HERÓI NA TRAGÉDIA DE REALENGO E POLICIAMENTO OSTENSIVO!
1. A tragédia ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio, com um psicopata assassinando fria e calculadamente crianças, só não foi maior porque o Sargento PM, Marcio Alves, acionado, entrou na escola, baleou o assassino, que em seguida se suicidou.
2. O Sargento Marcio Alves estava patrulhando em rua próxima e por isso foi localizado. Se não houvesse policiamento ostensivo na área, a tragédia seria maior e o Sargento não poderia ser acionado.
3. Por isso é tão importante o policiamento ostensivo. Quantos e quantos casos são evitados pela presença dos PMs nas ruas. E quantos e quantos casos não foram evitados por falta de PMS nas ruas.
4. O número de PMs em policiamento ostensivo na cidade do Rio de Janeiro tem diminuído muito. A secretaria de segurança não divulga o número exato, nem de PMs em atividade, nem dos que estão em policiamento ostensivo. Os dados que são informados falam em uma redução de 50% entre 2006 e 2010.
5. Em 2010, ocorreram 170 mil roubos e furtos na Capital. Ou seja, 170 mil foram registrados nas delegacias. Estima-se que o dobro tenha ocorrido, sem registros por desfuncionalidade. Ou seja, uns 340 mil furtos e roubos. Em 2010, ocorreram 1.628 homicídios dolosos. São 208 roubos e furtos para cada homicídio doloso. O policiamento ostensivo deve ser tão prioritário -ou mais- como qualquer outro vetor da segurança pública, se não, o mais importante.
6. Provavelmente, se o efetivo da PM na capital em policiamento ostensivo fosse muito maior do que é hoje, menos homicídios teriam ocorrido, só pela presença de um PM. Para não falar em menos roubos e furtos. Os assassinatos de crianças em Realengo nos mostram, com todas as cores da tragédia, a importância de se ter na área -por toda a cidade- um PM em patrulhamento.
Parabéns Coronel Marlon pelas considerações sobre o episódio de realengo. Concordo com número, gênero e grau com as suas palavras. Uma super exposição do Sargento na mídia após um trauma de confronto armado, a falta dos Comandantes Gerais da PMERJ e Corpo de Bombeiros na coletiva, informações desencontradas horas após o ocorrido, a ineficácia da Guarda Municipal em sua verdadeira função, o Secretário da Saúde nos hospitais dizendo que os funcionários da saúde estavam todos comovidos e transtornados, chorando e abalados pelas crianças vítimas...
ResponderExcluirRespeitosamente,
Cristian Dimitri Andrade
Cap PMSC
Prezado Dimitri e demais leitores
ResponderExcluirFico feliz por ter acertado em minhas considerações.
Grato por acompanhar minhas postagens.
Um forte abraço
Marlon - (Cel PM)
É meu prezado, quando se analisa com calma, a situação é pior do que se imagina. E normalmente é isso mesmo.
ResponderExcluirAbraço
Feitosa
Nobre Coronel !
ResponderExcluirO reconhecimento - manifestado pelo governador (Cmt dos Cmts), da mídia e da sociedade - é essencial para a recuperação psicológica não só do Sgt mas de todos aueles que carregam o fardo de matar. Mas concordo que o Sgt heroi deveria ser poupado. O reconhecimento de sua ação poderia ser demonstrado sem que ele estivesse presente.
Abraço
Caro Barka.CFO
ResponderExcluirNão pretendi dizer que o Sargento não merecesse receber elogios etc. O que quis dizer é que o momento não era aquele logo após (ou até durante) o ocorrido.
Ficou evidente o uso da imagem (e atitude) do Sargento foi para “faturamento “ político.
Um fraternal abraço.
Marlon – Cel PM