domingo, 30 de outubro de 2016

CHEFES DOS TRÊS PODERES SE REÚNEM PARA DISCUTIR PACTO NACIONAL PARA SEGURANÇA – MAIS DO MESMO

Na última sexta-feira - dia 28 de outubro de 2016, reuniram-se em Brasília os Chefes dos Poderes da República, conforme ampla divulgação da mídia e dos próprios veículos de comunicação dos mesmos poderes, para tratar um tema recorrente que é Segurança Pública.
- Publicações nos sítios internet do Supremo Tribunal Federal, do Governo Federal e do Senado Federal abaixo:
Ampla foi a cobertura através de todas as mídias do País face o problema de (In) Segurança Pública que assola a sociedade há muito tempo, e que infelizmente se providencias não forem adotadas, ainda perdurará por longo período de tempo.
Até aí tudo bem. O tema segurança pública está sendo colocado acertadamente como uma das prioridades para o encaminhamento de soluções com a junção de esforços de todos os Poderes da República visando colimar os mesmos para um objetivo comum em prol da tão sofrida sociedade.
Necessário é, portanto, realizar um pequeno comentário do que ocorreu, ocorre e ocorrerá se não forem adotadas as medidas corretas para produzirem eficiência e eficácia desejada no encaminhamento das soluções.
A nosso ver, no passado recentíssimo presenciamos o Governo Federal dar excessiva atenção e espaço aos acadêmicos, sociólogos, especialistas de todos as matizes e estranhos a atividade policial (quase somente a eles), não deixando quase nenhuma participação aos policiais de carreira que labutam no cotidiano da segurança da sociedade. Não que aqueles devam ficar alheios aos encaminhamentos das soluções estratégicas do problema, no entanto não deve ser depositado a esses a maior parcela de responsabilidade para sua resolução.
Parece que, pelo que se acompanha pela mídia, observando inclusive as manifestações contidas nas matérias acima mencionadas estão incorrendo no mesmo erro, ou seja, deixar de lado das discussões iniciais (pelo menos estão demonstrando isso) os policiais de carreira. Essa parece que foi a mensagem que ficou, pois não se observou no evento em “Palácio” ocorrido no ultimo dia 28 de outubro, além da presença dos protagonistas do encontro os Chefes dos Poderes e a maciça presença também de outras autoridades dos poderes e da mídia nacional, a presença de policiais de carreira, a não ser o Diretor do Departamento de Polícia Federal, porém não foi observada.
Não se viu no “grande” evento qualquer policial chefe, nem mesmo de entidades que os representam, somente os Ministros de Estado, dentre os quais o da Defesa e da Justiça, os Comandantes Militares, Políticos, Magistrados, Membros do Ministério Público e OAB – Ordem dos Advogados do Brasil.
O mais preocupante é afirmação de que agora tratarão detidamente com os Secretários de Segurança Pública dos Estados das medidas a serem adotadas na construção de um plano/pacto com as soluções, principalmente para redução dos homicídios dolosos e violência contra a mulher (dentre outros), ou seja, mais uma vez tratarão com entes políticos e não prioritariamente com policiais, aliás, erro que vem sendo cometido ao longo dos tempos.
Os Secretários destas pastas possuem limitações e recebem orientações políticas e por certo não serão capazes de encaminhar de forma isolada as verdadeiras soluções (motivos já apontados na postagem: http://marlonteza.blogspot.com.br/2016_03_01_archive.html )
Outra ocasião em que fica evidente que os policiais, sejam militares ou civis, representados pelos seus chefes de carreira e suas entidades de classe "ficam de fora", ou pelo menos em segundo plano, na construção dos tais planos, tendo os mesmos que cumprirem o que geralmente já vem pronto. Lamentavelmente esqueceram os “atores” principais.
Outro fator importante é que para a melhoria do desempenho dos órgãos e instituições policiais, urge a necessidade da mudança do modelo de persecução criminal a exemplo do que ocorre em todos os países do mundo (já esclarecido neste blog: http://marlonteza.blogspot.com.br/search?updated-min=2015-01-01T00:00:00-03:00&updated-max=2016-01-01T00:00:00-03:00&max-results=12 ), pois o atual modelo de meias polícias tem contribuído de forma decisiva para a burocracia e o baixíssimo índice de resolutividade dos crimes além de outros fatores já fartamente debatidos nacionalmente, gerando impunidade e cada vez mais problema de insegurança para a população brasileira.
Nesse sentido foi ouvido do próprio Ministro da Justiça no dia anterior, que não opinaria sobre isso (modelos de persecusão criminal) e que isso ficaria à cargo dos Governos e Secretaria de Segurança Pública dos Estados, demonstrando que não haveria envolvimento direto do seu Ministério para mudança do atual modelo, o qual tem se demonstrado falido e sem similaridade em todo o mundo (http://www.feneme.org.br//pagina/1513/feneme-e-cncg-pmbm-participam-de-audiecircncia-com-ministro-da-justiccedila ).
Mais uma vez equivocadamente fica evidente a demonstração de que os encaminhamentos ficarão na esfera política, deixando de fora da discussão os policiais de carreira e a própria sociedade.
O resultado é esperado e certo. Novamente nada ou muito pouco mudará para a segurança pública do Brasil. É fazer mais do mesmo, e fazer mais do mesmo não mudará o resultado. Mais uma vez quem sofrerá as consequências é a tão sofrida sociedade brasileira.
Fica a mensagem e o pedido: “autoridades, ouçam os policiais de carreira ou nada mudará”.

MARLON JORGE TEZA

3 comentários:

  1. Caro Cel Marlon,a forma de tratar desta questão sempre seguiu este caminho e acredito que continuará assim por mais algum tempo. Da mesma forma que todo o bresileiro se julga um técnico de futebol, todo o político se julga "onisapiens" e quanto maior for sua importância política maior sua sabedoria. Somente agora com estas inserções no meio politico federal, as associações de classe se manifestando e aparecendo é que estão notando nossa existência ainda sem avaliar nossa importância. É uma questão cultural que temos que modificar.Se na maioria dos estados os assuntos de segurança são tratados entre o governador e o secretário de segurança sem a presenças dos chefes das organizações responsáveis, não seria diferente numa reunião de cúpula com os chefes dos tres poderes.Primeiro devemos despirmos do estigama de sermos apenas "mão de obra".

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  2. É preocupante perceber a inépcia do Governo Brasileiro em relação ao tema e principalmente o descaso, demonstrando, como bem retrata o autor, um menosprezo aos que diretamente atuam na área. Promover políticas significa criar, inovar, produzir novos efeitos e para isto é preciso buscar também experiências vivenciadas, até como laboratório, para se enxergar o que é proposto. A preocupação de nosso autor é altamente pertinente e sugiro que outros intelectuais e representantes do segmento produzam trabalhos de concientização e sensibilização, para que o Governo Federal mude sua metodologia na produção deste tão necessário trabalho em prol dos brasleiros. Parabéns Cel Marlon pelo posicionamento.

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  3. Caro Marlon segue a opinião deste velho Soldado da PMERJ. Totalmente de acordo com a sua.

    sábado, 29 de outubro de 2016
    Misericordia XLIII, ou, Esqueceram de chamar o Guarda da esquina..

    É um Pais realmente diferente. É um Pais que está sempre a usar o binóculo ao contrario. 60 mil homicídios no ano de 2015 ( mais do que toda Guerra do Vietnã). Criminosos roubando celulares, portando fuzis de guerra, a qualquer hora , em qualquer lugar. Aliás, Fuzis e Granadas a pamparra, nas mãos de crianças de 12, 13 anos, já como chefetes de Bocas de Fumo. Tsunami de explosões de caixas bancarias eletrônicas. Cadeias pegando fogo Brasil a fora. Explosão dos indices criminais, em proporções percentuais nunca jamais vistos em nosso Estado do rio de Janeiro e em outros também, etc, etc. Os tres Poderes da Republica, se reunem, tendo como tema único e portanto principal, a Segurança Publica, e aí....não chamam a Policia para participar...Gostaria apenas de lembrar, a Policia, que faz Policia, que quando o Povo pede socorro 24 horas por dia está a seu lado. A Policia, que com sua ação baixa, ou sua omissão permite que cresçam os índices criminais, não foi chamada. Gostaria de lembrar também que, fora nos casos extraordinários previstos na Constituição Federal, essa Policia não está subordinada a nenhum dos Órgãos que estavam presentes na reunião, portanto nem representadas estavam. Lamentável, extremamente lamentável.

    Postado por Wilton Ribeiro às 00:03 Nenhum comentário: Links para esta post

    Cel PM Wilton Soares Ribeiro/ Foi Cmt Geral da PMERJ.

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