segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ANALISAR ANTES DE JULGAR

Há alguns dias atrás a mídia brasileira divulgou fato inusitado ocorrido no interior de um Tribunal do Júri no Estado de São Paulo (3° Tribunal do Júri) durante o julgamento de um réu acusado de homicídio. (veja detalhes no link: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/983307-video-mostra-briga-entre-advogado-e-promotor-em-sp-veja.shtml )
Segundo a notícia (e um vídeo demonstra isso http://www.youtube.com/watch?v=i0mb2z3htU0 ) o Promotor de Justiça responsável pela acusação no referido julgamento e o Advogado defensor do réu desentenderam-se, e, diante do Magistrado, do réu, dos jurados e do público presente, lamentavelmente perderam a compostura e “atracaram-se” brigando.
Inicialmente trocaram mútuas ofensas e após trocaram agressões físicas, causando espanto aos presentes, inclusive ao réu, que não sabia o que fazer diante da situação, os quais, se não fosse contidas por policiais militares presentes, esses sim souberam o que fazer naquele momento, poderiam ter proporções maiores do que tiveram.
A “briga” seria um fato corriqueiro se não fosse naquele local e envolvendo uma autoridade do Ministério Público e um Advogado, pessoas em tese devidamente esclarecidas e que deveriam estar preparadas para suportar críticas e só rebatê-las com palavras e não com agressões físicas, aliás, como funciona nas democracias. Imaginem se um dos envolvidos ou os dois estivessem armados o que de trágico poderia ter ocorrido?
Mas a intensão não comentar detalhes da hilária e grotesca “batalha”, pois todos diriam isso pode ocorrer pois são seres humanos e não representam o que pensam e fazem o Ministério Público e Ordem dos Advogados pois não é assim que processem rotineiramente essas instituições e isso se constituem fato isolado, e é assim que deve ser analisado e entendido por todos.
Agora passo a analisar e comentar aquilo que em particular gostaria de registrar nesta postagem. Diariamente vemos policiais militares (ou não) em seu serviço de rotina entremeados com conflitos entre as pessoas, muitas delas desiquilibradas, com más intenções armadas, etc, sendo eles (os policiais) obrigados a intervir incontinente ali na rua sem consultas ou qualquer ajuda. Quase que na totalidade dos casos em que o policial é chamado a intervir recebe impropérios com ataques pessoais (inclusive físicos) e é obrigado a conter-se e agir somente para conter “as partes” envolvidas no limite do que a lei permite, e percebam que ele, o policial, está armado, porém somente faz uso da arma que o estado lhe provê para legítima defesa dele ou de outrem (quando consegue provar isso após longos e longos meses e até anos de julgamento tanto na justiça como administrativamente).
É necessário que isso seja mencionado para que os leitores percebam quantas vezes a atitude de um policial no serviço sem maiores análises é julgada pela mídia e pela sociedade como errônea, irradiando a toda uma instituição tal julgamento, desqualificando-a como um todo.
É necessário que ao avaliar uma ação policial (isolada ou coletiva) seja analisada de todos os ângulos possíveis, evidenciando o respeito que a instituição como um todo merece. Somente a partir disso que é possível a emissão de opinião calcada na razão e no bom senso, o que na maioria das vezes não ocorre em relação a polícia.
De tudo e do episódio fica o ensinamento que muito embora as pessoas que compõem as instituições não sejam perfeitas as instituições de que elas fazem parte o são e por isso elas devem ser respeitadas, inclusive a polícia.
Não se deve julgar Instituições por um ou alguns atos das pessoas que a compõem, mas sim por aquilo que ela faz e representa.
Até a próxima oportunidade.
MARLON JORGE TEZA

Um comentário:

  1. Cel Marlon, muito pertinente o assunto postado pelo Sr. Julgar fatos fora do calor dos acontecimentos diminui a possibilidade de justiça plena. Quando vamos ter uma justiça mais presente a realidade das ruas? A lei não contempla todas as circunstâncias da vida real. Houve a intenção de uma justiça mais próxima da sociedade com a Lei 9.099, mais a própria justiça se encarregou de não descer do seu trono. Diferentemente, os Policiais Militares sempre estão prontos a agir no calor da ocorrência, o que torna nossa ação muito complexa, pelos motivos expostos pelo Sr.

    Parabéns.

    Major EGIDIO

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