segunda-feira, 18 de julho de 2011

PROCURA-SE TERRENO NA LUA

Você, caro leitor, ao ler o título deste blog pode estar se perguntando qual a relação dele com a segurança pública brasileira.
Tentarei explicar.
É de domínio de toda a sociedade que na segurança pública do Brasil um dos grandes problemas é o sistema prisional (ou penitenciário, como queiram). É flagrante a falta vagas, estruturas prisionais deterioradas, falta de pessoal para sua segurança e administração, falta de investimentos e, o maior problema, falta de vontade política para resolvê-lo.
A consequência disso é o tratamento degradante e desumano dispensados aos presos que acabam, por isso tudo, saindo do sistema pior do que quando entraram. É só acompanhar as estatísticas divulgadas pela mídia para saber que a reincidência  dos egressos é imensa, crescendo a cada dia.
O alvo desta postagem, porém, não é discutir o sistema penitenciário, e sim discutir a hipocrisia da própria sociedade quanto ao tema.
Sim a sociedade, neste caso, é hipócrita e, como disse, tentarei explicar as razões desta constatação.
A pessoa legalmente presa na verdade é um membro da própria sociedade, o qual infringiu o que está tipificado como crime, ou seja, uma conduta dita como antissocial.   
O cidadão tido como de bem que compõe as sociedades locais, regionais e nacional, exige então que a justiça venha agir em seu nome conforme a legislação penal existente e, se for o caso, proclame, em sentença própria, a pena restritiva de liberdade àqueles que tenha praticado atos contrários a vida em sociedade, retirando-o do convívio cotidiano da sociedade, colocando-o em locais próprios para o cumprimento da pena e reinserção do mesmo para, no futuro, ter novo convívio em sociedade. Diante disso tudo nada mais lógico do que a própria sociedade proporcionar, ou pelo menos aceitar que seja proporcionado, ao seu membro “preso”, locais denominados de presídio ou penitenciárias visando isolá-lo e recuperá-lo após um período ditado pela legislação.
O que vemos atualmente em todo país e mais especialmente agora em Santa Catarina é a sociedade lideradas pelos legislativos e executivos municipais, agirem de forma até agressiva no sentido de impedir que estes estabelecimentos penais estaduais sejam construídos em seus territórios. Na verdade isso é um grande contrassenso, pois acabam agindo como agiu outrora (pelo menos a história nos conta)  Pôncio Pilatos que confortavelmente agiu, “lavando as mãos”, deixando o Governo do Estado “se virar”. Parece que esse assunto não lhes diz respeito.
Ledo engano, a sociedade tem que assimilar essa situação, pois os presos, de certa forma como já mencionado, também lhes pertencem. Isto é sim um problema da sociedade e sua resolução deve ser compartilhada, eles, embora presos não são alienígenas, são da terra, da nossa terra.
Então como fazer, a sociedade reúne-se e, através de seus vereadores e prefeito, os quais ganham um confortável “palanque” para aparecer tirando dividendos políticos, exigem que: “aqui não queremos construção de estabelecimentos penais”. Isso sim é hipocrisia.
A solução então surge, como diz o título desta postagem.  Os Governos dos Estados, incluindo o de Santa Catarina, devem adquirir TERRENOS NA LUA, fora do planeta terra, só assim será possível construir estabelecimentos penais com apoio de segmentos da sociedade hipócrita.
Cabe ainda salientar (eu constatei pessoalmente) que praticamente todos os Condados dos Estados Unidos da América - EUA (localidades com status estre o Estado e o Município) possuem seus presídios que são localizados, quase todos, na área urbana da cidade e ainda ao lado da Corte (fórum no Brasil), facilitando quanto aos procedimentos judiciais, e sociedade local aceita tranquilamente mostrando que é possível tal convívio.
Este problema é de todos nós, vamos resolver juntos senão só resta lotearmos a lua.
Por hoje é só.

MARLON JORGE TEZA

5 comentários:

  1. Parabens pela postagem Cel.

    ABraços

    Carpes

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  2. Pois é, mas tem uma pergunta que não se cala, considerando o contexto local e bem atual, como fugas em massa recentemente na Trindade: alguém gostaria de morar ao lado de um presídio ? Não se trata de hipocrisia, mas falta de confiança ! Mas a culpa é da falta de investimento em segurança pública e não das pessoas e policiais que apesar da falta de uma política séria e recursos, fazem o melhor que podem.

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    1. Não tem como investir sendo que a sociedade não deixa criar novos presídios. Como que vai haver investimento sendo que não tem mais lugar pra colocar os presos?

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  3. Sr. Cel Marlon,

    recentente li uma crítica negativa à construção de um presídio na localidade do Massiambu, município de Palhoça, junto ao blog do Tijoladas e aproveitei o ensejo do Vosso artigo para postar da forma como segue:

    "Cumprimentando-os, parece-me haver entendido a preocupação com a construção do presídio numa região turística e quem sabe de proteção ambiental. No entanto, hoje vivemos numa sociedade com interesses ambiguos, de um lado a querer a segregação daqueles que teoricamente não possuem condições para o convívio social, cuja conduta é marginal à lei e por outro em não aceitar que esse local seja na nossa rua, bairro ou cidade enfim. Recentemente, li um artigo sobre tal questão, “Procura-se terreno na lua”. O título já nos dis tudo, ninguém quer uma cadeia, presídio, penitenciária, como queiram, perto de si. Esclarece-nos o artigo que nos EUA praticamente todos os condados possuem seu próprio “cárcere”. Existem estudos que apontam que os modelos menos dimensionados e numerosos são mais seguros e adequados para os fins propostos. Vejo que o mais importante doo que a manifestação contrária à construção naquela localidade é levar uma proposta de solução, pois os presos são nossos, são terrestres".

    Minhas saudações,

    KNOBLAUCH, Cap PMSC

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  4. Gostei muito da sua postagem, principalmente da brincadeira de lotear a lua. Realmente, a sociedade brasileira é hipócrita, não só referente a esse problema, mas a quase todos. Estava assistindo ao jornal da Record esses dias e passou uma reportagem sobra a Amazônia. O desembargador propôs transformar o estádio que está sendo construído para sediar a copa do mundo em um presídio que comportem os presos temporariamente, isto é, até que estes sejam julgados e devidamente condenados. A população chegou a dizer que é "triste" ver tanto dinheiro sendo gasto para depois ser transformado em presídio. Vejamos, há poucos meses o povo brasileiro, em qualquer canto do Brasil, estava indignado com as construções dos estádios para a copa do mundo. Na Amazônia o futebol não dá dinheiro algum, então seria melhor usar o estádio como um presídio (é claro, após a copa do mundo), do que não usá-lo para nada, não é mesmo? O Brasil nunca vai mudar se a sociedade não mudar os seus conceitos... O povo pode manifestar até 2020 ou sei lá quando, mas enquanto a mentalidade do brasileiro não for modificada, o Brasil vai ficar parado, e se é possível, só irá regredir.
    Abraços.

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