segunda-feira, 19 de março de 2012

A SOCIEDADE BRASILEIRA PRECISA APRENDER A VOTAR

Como é do conhecimento dos leitores, sou presidente de uma entidade nacional representativa de militares dos Estados e do Distrito Federal (Oficiais) e nesta condição na última semana permaneci em Brasília-DF acompanhado de alguns Oficiais, cumprindo extensa agenda, principalmente no Congresso Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados).
As nossas audiências e conversas com parlamentares e seus assessores sempre giram em torno da segurança pública, principalmente no que diz respeito às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares o que não poderia ser diferente.
Alguns poucos parlamentares são extremamente informados demonstrando domínio nos temas supramencionados, porém a maioria esmagadora demonstram nada entender, e pior, se acham especialistas no assunto (como ocorre com muitos que se atrevem a intitularem-se “especialista em segurança pública”) . É bem aí que “mora o perigo”, pois esses ignorantes também apresentam projetos de lei - PL, propostas de emenda constitucional – PEC, emitem opiniões da tribuna, etc, etc...
Esses ignorantes a que me refiro, que, aliás, são em grande número, são ainda aqueles que emitem opiniões, defende e/ou criticam outras, enfim acabam levando a mídia e a opinião pública ao equívoco no que diz respeito à segurança pública e as instituições militares estaduais, principalmente naquilo que se refere a Polícia Militar.
Eles, os desinformados parlamenteares e seus assessores, não sabem a diferença entre “policiamento” ostensivo e “polícia” ostensiva ou da “manutenção” da ordem pública para “preservação” da ordem pública. Acham que polícia é tudo igual, que guarda municipal é polícia, que bombeiro "voluntário" tem poder de polícia administrativa e custa menos, dentre outras aberrações. Não sabem como funciona a segurança pública nos países de primeiro mundo, nem mesmo que a polícia única geralmente sobrevive somente em países de regimes totalitário, ou então que nesses países, tidos como de primeiro mundo, quase sempre uma das instituições policiais é militar, contudo apreciam debater sobre o tema, tudo impulsionados pela visibilidade que imaginam lhes dará no cenário nacional pois o tema é recorrente.
Nestes dias que lá estive percebi tudo isso, pois desta vez prestei mais atenção nas minúcias durante as audiências, e fui levado a concluir: o que será da segurança pública brasileira no futuro?  Imagino que os leitores já estão em condições de responder e a resposta que vem é de preocupação.
Sabem que muitas vezes me pergunto se vale a pena debater com esse grupo apedeuta, e aí concluo que, por outro lado, não podemos desistir, devemos sim continuar o trabalho didático de convencê-los (os ignorantes), contando com a ajuda daqueles seletos parlamentares que ainda são uma espécie de “salvação da lavoura” dentre aquela maioria que só quer ficar de bem com todos e nada resolve.
Aquilo que interessa de verdade às instituições de segurança pública e seus profissionais dificilmente é debatido com profundidade, pois a tônica é de: “vamos mudar tudo que o sistema está falido”, porém a preocupação de criar condições para o atual sistema funcionar, o que custaria menos e seria mais célere, não existe. Parece que o negócio é complicar e jamais simplificar e resolver.
Desculpem o desabafo, mas procurei narrar o que ocorre nos corredores do Congresso Nacional quando o tema é segurança pública e suas instituições, por isso tenho a convicção que ainda passaremos décadas até que a situação mude por completo. O objetivo, como mencionei, e externar o que está ocorrendo e talvez sensibilizar tanto aqueles que labutam na segurança pública quanto aquela parte da sociedade esclarecida, para que prestem atenção nos discursos vazios, sem propósito e eleitoreiros desses mencionados parlamentares quando envolve o tema segurança pública
Assim não dá.
Temos que aprender a votar, só assim vamos mudar diminuindo o número de ignorantes e aumentando o número de parlamentares com conhecimento e comprometidos com a segurança da sociedade brasileira.
Um Fraterno abraço a todos.
MARLON JORGE TEZA