segunda-feira, 25 de julho de 2011

DA NORUEGA A AMY WINEHOUSE - VIOLENCIA E DROGAS

Minha intenção era não fazer mais nenhuma postagem neste mês, contudo, duas notícias ocasionaram espanto nesta última semana, e após refletir resolvi escrever alguma coisa a respeito.
A primeira foi os atentados ocorridos na Noruega onde vitimaram quase 100 pessoas. Como explicar um fato violento como este em um país do primeiríssimo mundo, onde o índice de violência e criminalidade está entre os menores do mundo. É óbvio que as investigações ainda se encontram em curso, portanto não conclusas, porém, segundo o que já foi divulgado o autor (ou autores) é declaradamente fundamentalista de extrema direita, etc.
Este episódio violento, estarrecedor e IMPREVISÍVEL, levando em conta ferramentas de Inteligência e policiais existentes e conhecidas, são atos desencadeados, em princípio, por motivações incompreensíveis para nós cidadãos comuns.
Bem por isso não dá para analisá-lo de forma conclusiva e definitiva carecendo, e muito, de minuciosa investigação e estudos a respeito. Cabe sim nesta postagem (para a reflexão) é dizer que nenhuma nação, nenhuma comunidade, por mais pacífica, ordeira e perfeita que pareça ser está imune da violência pois ela se manifesta na sociedade de várias formas e na maioria das vezes não é previsível e portanto impossível de ser evitada.
A segunda notícia, que também chocou principalmente os adeptos da boa música, foi a morte de Amy Winehouse. Esta notícia realmente chocou, no entanto, não surpreendeu quase ninguém justamente porque invariavelmente os viciados contumazes em drogas entram em um “mundo” diferente, marginal, e este mundo sempre acaba por levar a trágicas consequências, ou seja, a morte.
Essa notícia, como a anterior, está inter-relacionada com a segurança pública, tema referencia deste blog, e por isso vou atrever-me a discorrer algo a mais sobre isso especificamente.
Ora, este fato, a morte anunciada de um astro da música envolvida com o mundo marginal das drogas, ocorreu também em um país rico, com uma alta qualidade de vida, com educação elevada e com segurança pública exemplar, segundo se acompanha há muito.
Lá como cá, como em qualquer outra nação, o mundo marginal das drogas tem levado muitas pessoas à morte. Tem levado a morte usuários (vitimas), traficantes, policiais, membros da sociedade, dentre outros. As drogas tem alimentado uma corrente de violência sem fim.
As nações têm, cada vez mais, investido um absurdo de recursos no dito “combate as drogas” e muito pouco tem resolvido, ao contrário acaba por, de certa forma, alimentar todo o sistema que sobrevive do quanto pior melhor. Quanto mais difícil (por várias razões) realizar a venda das drogas aos usuários por parte dos traficantes, mais cara ela fica e mais lucro acaba por gerar, assim é o mercado.
O Mundo todo tem tratado o problema das drogas como um problema só de segurança pública e esse tem sido o foco principal. Na verdade se refletirmos a respeito constataremos que esse problema tem muito mais haver com a saúde pública.
Em 35 anos de serviço, mais de 20 deles dedicados a atividade operacional, sempre tratei o assunto conforme determina a lei, ou seja, como atividade criminosa e sempre tive a impressão de que estava “enxugando gelo”, os dias se passavam (e assim ainda é) e tudo se repetia.
Nos Estados Unidos em 1920 foi estabelecida por força dos americanos “puritanos” (e outros motivos) a conhecida “lei seca” que perdurou até 1933 quando foi revogada (http://mundoeducacao.uol.com.br/historia-america/lei-seca-dos-eua.htm).
Interessante ressaltar que quando da vigência da proibição da venda de bebidas alcoólicas nos EUA, ou seja, tratado como crime foi um dos períodos mais violentos lá constatados. Gangues foram organizadas, a máfia cresceu e se estabeleceu, enfim quase nada trouxe tal medida de benefícios ao povo americano, ao contrário.
Atrevo-me a afirmar que por tudo o que está acontecendo no mundo a ”guerra contra as drogas” está perdida, pois a sociedade através do estado já não está conseguindo “combater o tráfico de drogas” nem mesmo de maneira satisfatória apesar de tudo o que tem sido feito.
Então, após essas breves considerações, pois tema tão complexo carece de muito mais debates e reflexões, será que já não está no momento de repensar tudo isso tratando mundialmente esse problema como um problema de saúde pública.
É bem verdade também que se essa decisão algum dia for tomada, deverá ser uma posição mundial através, talvez, da ONU – Organizações das Nações Unidas, evitando que algumas nações tenham prejuízo ou benefícios ocasionado por posições isoladas.
As drogas teriam o tratamento que hoje é dispensado à bebida alcoólica e o cigarro, por exemplo.
Só assim não teríamos traficantes, teríamos sim comerciantes identificados e controlados, teríamos igualmente identificados os usuários para tratamento, e teríamos menos mortes geradas pelo tráfico e pelos usuários desassistidos.
Só assim, quem sabe, poderíamos ainda ter em nosso meio “Amy Winehouse” e muito outros
Só assim poderemos ter menos violência.
Reflitam !
Quem não concordar comigo eu respeito, então espero que respeitem minhas considerações.
Até a próxima

MARLON JORGE TEZA

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PROCURA-SE TERRENO NA LUA

Você, caro leitor, ao ler o título deste blog pode estar se perguntando qual a relação dele com a segurança pública brasileira.
Tentarei explicar.
É de domínio de toda a sociedade que na segurança pública do Brasil um dos grandes problemas é o sistema prisional (ou penitenciário, como queiram). É flagrante a falta vagas, estruturas prisionais deterioradas, falta de pessoal para sua segurança e administração, falta de investimentos e, o maior problema, falta de vontade política para resolvê-lo.
A consequência disso é o tratamento degradante e desumano dispensados aos presos que acabam, por isso tudo, saindo do sistema pior do que quando entraram. É só acompanhar as estatísticas divulgadas pela mídia para saber que a reincidência  dos egressos é imensa, crescendo a cada dia.
O alvo desta postagem, porém, não é discutir o sistema penitenciário, e sim discutir a hipocrisia da própria sociedade quanto ao tema.
Sim a sociedade, neste caso, é hipócrita e, como disse, tentarei explicar as razões desta constatação.
A pessoa legalmente presa na verdade é um membro da própria sociedade, o qual infringiu o que está tipificado como crime, ou seja, uma conduta dita como antissocial.   
O cidadão tido como de bem que compõe as sociedades locais, regionais e nacional, exige então que a justiça venha agir em seu nome conforme a legislação penal existente e, se for o caso, proclame, em sentença própria, a pena restritiva de liberdade àqueles que tenha praticado atos contrários a vida em sociedade, retirando-o do convívio cotidiano da sociedade, colocando-o em locais próprios para o cumprimento da pena e reinserção do mesmo para, no futuro, ter novo convívio em sociedade. Diante disso tudo nada mais lógico do que a própria sociedade proporcionar, ou pelo menos aceitar que seja proporcionado, ao seu membro “preso”, locais denominados de presídio ou penitenciárias visando isolá-lo e recuperá-lo após um período ditado pela legislação.
O que vemos atualmente em todo país e mais especialmente agora em Santa Catarina é a sociedade lideradas pelos legislativos e executivos municipais, agirem de forma até agressiva no sentido de impedir que estes estabelecimentos penais estaduais sejam construídos em seus territórios. Na verdade isso é um grande contrassenso, pois acabam agindo como agiu outrora (pelo menos a história nos conta)  Pôncio Pilatos que confortavelmente agiu, “lavando as mãos”, deixando o Governo do Estado “se virar”. Parece que esse assunto não lhes diz respeito.
Ledo engano, a sociedade tem que assimilar essa situação, pois os presos, de certa forma como já mencionado, também lhes pertencem. Isto é sim um problema da sociedade e sua resolução deve ser compartilhada, eles, embora presos não são alienígenas, são da terra, da nossa terra.
Então como fazer, a sociedade reúne-se e, através de seus vereadores e prefeito, os quais ganham um confortável “palanque” para aparecer tirando dividendos políticos, exigem que: “aqui não queremos construção de estabelecimentos penais”. Isso sim é hipocrisia.
A solução então surge, como diz o título desta postagem.  Os Governos dos Estados, incluindo o de Santa Catarina, devem adquirir TERRENOS NA LUA, fora do planeta terra, só assim será possível construir estabelecimentos penais com apoio de segmentos da sociedade hipócrita.
Cabe ainda salientar (eu constatei pessoalmente) que praticamente todos os Condados dos Estados Unidos da América - EUA (localidades com status estre o Estado e o Município) possuem seus presídios que são localizados, quase todos, na área urbana da cidade e ainda ao lado da Corte (fórum no Brasil), facilitando quanto aos procedimentos judiciais, e sociedade local aceita tranquilamente mostrando que é possível tal convívio.
Este problema é de todos nós, vamos resolver juntos senão só resta lotearmos a lua.
Por hoje é só.

MARLON JORGE TEZA

quarta-feira, 13 de julho de 2011

UM MOMENTO ESPECIAL E MARCANTE -

Hoje, com a permissão dos leitores, vou manifestar-me sobre a minha passagem para a reserva remunerada da Polícia Militar e sobre o lançamento do livro de minha autoria intitulado: TEMAS DE POLÍCIA MILITAR –Novas atitudes da Polícia Ostensiva na Ordem Pública ocorrida ontem dia 12 de julho. Veja também link: http://www.pm.sc.gov.br/website/rediranterior.php?act=1&id=10663
Foi realmente um momento especial, pois o salão nobre da Quartel do Comando Geral da PMSC estava repleto de civis e militares que prestigiaram o singelo evento.
O momento foi especial já que 35 anos de serviço é uma vida, e, sendo esses anos todos dedicados à sociedade numa instituição como a Polícia Militar é uma vida em dobro.
Tenho a consciência tranquila pois tive uma carreira íntegra e dedicada à instituição e a sociedade do início ao fim.
O lançamento do livro acima citado foi a materialização disso tudo, pois fica, mesmo que em poucas páginas, um pequeno legado aqueles que ainda na ativa possuem a responsabilidade de preservar a ordem pública em prol de toda a sociedade.
Confesso, estou feliz e satisfeito. Fiz o que sempre julguei necessário, ético e correto e jamais me acovardei, mesmo que tivesse que pagar, em muitas ocasiões, um “preço” caro demais.
Nesta nova fase de minha vida espero viver bem. Sei que ainda por algum tempo defenderei, neste espaço e junto a Federação Nacional que presido, as Instituições Militares Estaduais e seus integrantes.
Para estampar tudo isso cito abaixo o texto inicial do meu livro, ele reflete bem e em poucas palavras este momento especial da minha vida:

INTRODUÇÃO
Sempre procurei em minha carreira na Polícia Militar de Santa Catarina viver intensamente cada momento como igualmente faço na minha vida particular.
Esse viver intensamente na carreira transpassou momentos diferentes, ou seja, o momento do tenente, do capitão, do major e tenente-coronel, do Coronel e do comandante nos vários níveis.
Inicialmente nos lançamos, todos nós, nas atividades operacionais, acabamos por força da necessidade lendo pouco e escrevendo menos ainda. Comigo não foi diferente, no entanto essa fase foi de suma importância para que o meu lastro de conhecimento operacional fosse melhorado, preparando-me para a segunda fase da carreira.
Nessa segunda fase da carreira é que vemos a necessidade de estudar muito e escrever alguma coisa no sentido de disponibilizar, posteriormente, aos outros policiais um pouco da experiência acumulada, unindo a fase operacional com a fase intelectual e estratégica.
Ao findar minha carreira de quase trinta e cinco anos na Polícia Militar de Santa Catarina passando para a reserva remunerada, não poderia deixar de juntar alguns desses escritos e, colocando-os com a ajuda dos amigos, em especial do Capitão PMSC Wallace Carpes, através de uma pequena obra denominada: Temas de Polícia Militar.
O objetivo é deixá-la à disposição dos interessados contribuindo para a construção de uma Polícia Militar melhor.
A bibliografia sobre temas relacionados à atividade das polícias militares não é grande. O que existe a respeito geralmente se relaciona a técnicas e táticas e muito pouco existe sobre doutrina e missão dessas importantes instituições militares dos estados e do Distrito Federal. Por isso a decisão de juntar alguns dos textos que eu já havia escrito, como dito, ao longo da carreira para que ficasse à disposição dos interessados, visando proporcionar reflexões e contribuindo, assim, para a compreensão dos assuntos relacionados à segurança pública, em especial da Polícia Militar.
Tenho a convicção de que se aumentarmos nosso conhecimento melhoraremos nossas instituições e, o que é melhor, melhoraremos como consequência a qualidade de vida de toda a sociedade.
Ao passar para a reserva remunerada fechamos um ciclo na vida profissional e pessoal. Na vida profissional o ciclo se fecha para quem sai, dando oportunidade aos que ficam de também contribuir fazendo a sua parte, isso faz parte da vida em sociedade. Na vida pessoal uma nova fase se inicia, pois podemos dar mais atenção à família e aos amigos, aproveitando cada dia, fazendo tudo aquilo que o trabalho dedicado em tempo integral impede o militar de fazer.
A vida é assim!
Mais uma vez gostaria de deixar registrado que não poderia me furtar de deixar este singelo legado aos que ficam, os quais daqui a pouco tempo também gozarão do descanso merecido.
Nas minhas andanças pelo Brasil como presidente de uma entidade representativa de oficiais em nível nacional observei a carência que os militares estaduais possuem em alguns aspectos. Os textos deste livro, repito, vêm ao encontro dessas carências já que desvendam algumas delas, elevando o conhecimento desses dedicados e às vezes não reconhecidos profissionais.
Sei que não é praxe, mas gostaria de em apenas uma linha agradecer aquela que me fez possível ter uma carreira íntegra na Polícia Militar de Santa Catarina. Aquela que me ajudou em todos os momentos:
- Ângela minha esposa, muito obrigado por tudo! A partir de agora estarei contigo em nossa casa.
Para finalizar só me resta agradecer o prazer de tê-los, todos, como amigos e em especial os oficiais e praças, tanto em Santa Catarina como em qualquer rincão deste imenso e maravilhoso Brasil.
Retiro a farda do corpo, porém a levarei sempre no meu coração. Por isso sou feliz!